A Contemporaneidade do Urbanismo no Brasil e a fortuna crítica de Françoise Choay ‒ França e Brasil

Perseguindo o desvendar das ordens escondidas quanto à constituição do campo da história do urbanismo, sem me afastar de todo dos estudos que perscrutam a trama das relações sociais, pretendo abordar produções recentes como a de Françoise Choay e como elas foram apropriadas no Brasil. O foco da investigação não prioriza sua trajetória profissional essa dimensão fica num plano complementar , mas sim a fortuna crítica existente na França, a recepção de algumas de suas obras no Brasil, a posição dessa autora no campo discursivo da história do urbanismo e como ela formou certo número de conceitos ou de contextos teóricos.

    Pode-se dizer que são poucos os estudos componentes da fortuna crítica de Choay, muitos dos quais, ao tratar das obras dessa filósofa, o faz no bojo de uma reflexão mais abrangente. Também se pode afirmar que a decodificação das práticas historiográficas está sendo vista na perspectiva da história cultural significados, práticas, representações, símbolos e linguagem. Esse caminho e essa perspectiva são uma permanência no modo como venho realizando as investigações e persistem na presente proposta.   

    Considerando as minhas inquietações e a perspectiva da história cultural, objetiva-se: i) Proceder ao estudo de análise discursiva de obras de Françoise Choay: questões, problemas, soluções, estrutura, jogo das relações internas ao texto, significados, práticas, representações, símbolos e linguagem; ii) Entender a fortuna crítica construída sobre Françoise Choay a partir da problematização dos contextos intelectuais e urbanísticos presentes na França e no Brasil; iii) Perscrutar a recepção das obras de Françoise Choay no Brasil, verificando em que medida essa recepção contribuiu para a formação da sua fortuna crítica, seja no campo do urbanismo, seja no da salvaguarda do patrimônio histórico. 

    A fundamentação teórico-metodológica está referenciada em Foucault, Burke, Ginzburg e Chartier, privilegiando como foco epistemológico as diferenças. Enfim, problematiza ideias como estruturas discursivas que compõem um cenário e tramas intelectuais, suprindo lacunas na constituição do campo do urbanismo.

    Dentre as linhas de trabalho estabelecidas destacam-se: i) levantamento, leitura, apropriação e interpretação das obras de Choay; ii) pesquisa historiográfica sobre a produção de Françoise Choay em arquivos, acervos e web sites; iii) leitura, apropriação e interpretação dos escritos de seus comentadores e críticos; iv) correlação entre a interpretação das obras de Choay e de seus comentadores e críticos com a dos autores que tratam sobre a teoria da história e os fundamentos do urbanismo.

    Cabe notar que a presente pesquisa conta com interlocuções privilegiadas, quais sejam: 1) os pesquisadores do Laboratório de Urbanismo e Patrimônio Cultural (LUP/UFPE), 2) os pesquisadores da rede Urbanismo no Brasil, que abrange oito estados brasileiros, 3) O curso Diálogo entre culturas: produção, tradução e recepção dos livros de Françoise Choay, coordenados pelas professoras Elane Ribeiro Peixoto (LABEURBE – Laboratório de Estudos da Urbe/PPG-FAU/UnB) e Priscilla Peixoto (Laboratório de Narrativas Arquitetônicas/PROARQ/UFRJ), do qual sou convidada especial e professora pelo (Laboratório de Urbanismo e Patrimônio Cultural – LUP/MDU/UFPE). Ressalte-se ainda a interlocução com os professores Laurent Coudroy de Lille e Jean-Pierre Frey, ambos da École d’Urbanisme de Paris (EUP)/Université Paris-Est Créteil, na qualidade de consultores da presente proposta, sendo eles especialistas no campo das teorias e doutrinas do urbanismo francês. 

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